sexta-feira, 11 de novembro de 2016

BOCA N.° 30: HILLARY TRUMP OU DONALD CLINTON?

Esta semana, huf..... Terminou finalmente a telenovela das eleições americanas. Entre o início da campanha para  realização das primárias e a última terça-feira decorreu ano e meio. Foram mais de quinhentos dias de feira constante (em metade deste período em Espanha houve <<quase>> meia dúzia de eleições) sempre a malhar no mesmo: por um lado o político profissional e com discurso estudado representado pela senhora Clinton que garantia a continuidade sem sobressaltos; por outro lado o outsider desbocado representado pelo senhor Trump cuja única garantia era um salto para o desconhecido. Quem ganhou? O Sr.  Trump. Novidade? Só para alguns.
Se os EUA fossem apenas constituídos pelas elites dominantes para quem a manutenção do status quo servia na perfeição os seus intentos, a senhora Clinton não necessitava sequer de fazer campanha. Se os EUA tivessem uma classe média economicamente estável que tivesse tudo a perder com mudanças bruscas, a senhora Clinton podia dormir descansada. O problema é que a elite existe e terá votado maioritariamente nela, mas a classe média nos termos descritos talvez só exista na mente de algumas pessoas. Esta franja significativa do eleitorado, que nos países desenvolvidos faz ganhar eleições, virou o disco ao prego e preferiu saltar para o desconhecido, trocando as voltas à candidata democrata. Fê-lo porque está estagnada há muitos anos e sem prespectiva de melhoras. Na América,  o cidadão comum,  num dia tem uma casinha jeitosa e um emprego bem remunerado, no dia seguinte é despedido sem aviso prévio e perde a casa por execução da hipoteca. Em suma, neste país, de cidadão remediado a dormir debaixo da ponte vai apenas um passo.
E muitos americanos deram esse passo nos últimos tempos. Nos últimos anos milhões de típicos cidadãos americanos, homens brancos de ascendência norte europeia,  foram atirados para a quase indigência e passaram a viver de subvenções públicas como os descendentes de latinos e africanos que ainda há pouco tempo eram vistos pelos primeiros como " o grande mal da América". Para esta gente a pior coisa que se lhe podia oferecer neste momento era a política de continuidade que significa mais do mesmo.
E agora? O discurso da vitória já demonstrou um Donald <<Clintonizado>>. As palavras que dirigiu aos americanos e ao mundo não foram muito diferentes das que nas mesmas circunstâncias terão dito Obama, Bush (pai e filho) Clinton (marido), Reagan, Carter ou mesmo Lincoln, Jefferson ou Washington nos primórdios da nacionalidade: uma coisa é a retórica de campanha; coisa muito distinta é a linguagem institucional.
É verdade que Trump vai dispôr de condições únicas ao ter maioria simultaneamente no Senado e no Congresso. Vai inclusive ter a possibilidade de nomear alguns juízes do Supremo Tribunal Federal onde verdadeiramente as questões de fundo se resolvem. Mas será que conseguirá concretizar metade do que prometeu? O muro de 3400 km na fronteira com o México. A descida de impostos quase a zero para as empresas. Sem falar de todas as outras medidas estapafúrdias tanto no plano interno como externo.
É tudo treta e o tempo encarregar-se-á de o demonstrar.
PRIMEIRO. O personagem não goza propriamente da melhor reputação no interior do partido Republicano. Por isso, sem o afrontar directamente, também não lhe passará carta branca.
SEGUNDO: Vamos a ver se depois das primeiras calinadas continuam a aparar-lhe o jogo. Para nós, assim que o mundo começar a rir de soslaio com as tiradas do homem, algum esqueleto há de saltar do armário no intuito de o <<por com dono>>.
TERCEIRO: A figura do impeachment que derrubou a Dilma não foi inventada por eles? Nem sequer era novidade já que o sr. Clinton esteve vai não vai à conta das aventuras com a secretária (mulher) e debaixo da secretária (móvel). E o sr.  Nixon foi mesmo sem ser necessário recorrer a esta medida extrema com a trapalhada do watergate.

Portanto, e para concluir, mais do que falta de vontade de fazer vai ser falta de tempo para fazer.


PS. Até que isso aconteça vamos apreciando a cara metade que é bem jeitosa. Mas que não abra a boca senão deita tudo a perder.


Bocas Lusas

0 comentários :

Enviar um comentário